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Sejam bem vindos. O objetivo deste Blog é informar as pessoas sobre os mais variados assuntos, os quais não se vê com frequência nas mídias convencionais, em especial acerca dos direitos e luta da juventude e dos trabalhadores, inclusive, mas não só, desde o ponto de vista jurídico, já que sou advogado.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Que em 2012 nos tornemos definitivamente humanos!

Alguns escritores primorosos esculpem as palavras com tamanha maestria que ao lermos os seus escritos, eles nos tocam em profundidade, criando não apenas uma empatia com o que foi escrito, mas um sentimento de que aquelas palavras são nossas, ou, ao menos, um desejo imenso de que fossem.

Os leitores dos meus Blogs Defesa do Trabalhador e Fragmentos sabem que eu já havia encerrado as atividades dos blogs neste ano de 2011, pois estou para sair para uma curta férias, motivo pelo qual, nos próximos 10/15 dias, creio não vou fazer novas postagem, pois quero aproveitar o recesso da Justiça do Trabalho (para aqueles que ainda não sabem, sou advogado trabalhista) para ter o descansar um pouco.

Entretanto, me deparei hoje, no meu último dia de trabalho, com o maravilhoso texto do amigo e maravilhoso cronista João Paulo Silva, de Natal, RN, publicado em seu Blog as Crônicas de João, clique aqui para visitar, que volta a figurar na lista de Blogs indicados do Defesa do Trabalhador, do qual ficou ausente por um determinado período, em face de problemas técnicos.

O texto é maravilhoso, retrata uma situação vivida por João, uma cena cotidiana que certamente já cruzou a vida de todos nós.

A mensagem final do texto: o desejo do amanhecer definitivamente humanos, é o meu desejo de 2012 para todos os meus leitores, amigos, familiares, equipe de trabalho, camaradas de luta, enfim para toda a humanidade.

Acrescento, apenas o seguinte, ao desejo do amigo João, com o qual eu sei que ele concordará plenamente, até que um dia, após superarmos esse sistema capitalista excludente e cruel, acordarmos definitivamente humanos.

Um 2012 maravilhoso para todos!

Adriano Espíndola Cavalheiro é advogado, assessor jurídico sindical, militante do PSTU, apaixonado pela vida, pela humanidade e por sua esposa e compenheira Rita e é blogueiro.

O texto do João :

Por um sorvete

Por João Paulo da Silva

A hostilidade do mundo quase sempre nos obriga a viver numa sufocante solidão. Vivemos como a última gota de uma cachaça barata na garrafa de um Deus mendigo, onde constantemente nos encontramos perdidos e sós, mesmo cercados por algumas centenas de pessoas.

É com tristeza que percebo o quanto o homem se afasta de si mesmo, se distanciando da essência da condição humana, numa crise de identidade que o levará para o vácuo das gargantas dos próprios demônios. Dia desses, contra minha vontade, pude comprovar o que digo hoje.

Infelizmente, para se entrar em um cinema é necessário entrar primeiro no shopping, ambiente extremamente artificial que dificulta bastante o discernimento entre o que é humano e o que é mercadoria. Já era final de tarde quando saí do cinema. Eu tinha ido ver um drama, nada muito cruel que mereça uma comparação com a realidade que nos envolve. Desci pela escada rolante me sentindo meio vazio, desatento e infeliz. De súbito, como se tivesse surgido de dentro do bolso de alguém, um garotinho apareceu em minha frente. Tinha os pés sujos, descalços e usava uma roupinha rasgada. Olhou-me com uma vivacidade que não era a mesma de sua voz minguada, e disse meio suplicante:

- Tio, me paga um sorvete?

Senti como se tivessem me roubado todo o ar dos pulmões, parecia haver uma mão invisível a me apertar a garganta. Talvez fosse a mesma mão invisível que controla o mercado, aquela da qual Adam Smith falou. Devia estar sufocando o menino também, pois ele suplicou novamente:

- Tio, me paga um sorvete?

Respondi sem ter a exata certeza do que dizia.
- Pago, claro que pago.

Dirigi-me com o garoto a um quiosque bem a nossa frente. Era um McDonald’s. Tive um momento de indecisão político-ideológica que logo fora esmagado pelo alvoroço feliz que se instalou no rosto do moleque. Ainda assim era um conflito. Shakespeare diria que eu me encontrava entre a presa e o dragão. Se comprasse o sorvete, estaria contribuindo para o fortalecimento das paredes de nossa angustiante prisão. Se não o comprasse, possivelmente frustraria a miragem de felicidade do menino e ainda o deixaria com fome. Acabei pagando.

As mãos do garoto mal tocavam a parte superior do balcão. O balconista dirigiu-se a mim:
- Pois não?
- Um sorvete pra ele.
- Só um minuto.

Duas senhoras ao lado deviam estar olhando com maus olhos o meu ato, assim como o balconista que também não conseguira disfarçar sua indiferença através de um sorriso malicioso no canto da boca. Aproveitei esse intervalo de tempo para conversar com o menino.
- Onde está sua mãe?
- Em casa.
- E seu pai?
- Também.
- E o que é que você está fazendo na rua?
- Arrumando dinheiro.
- Foram seus pais que pediram?

O garotinho vacilou por um instante, provavelmente pensando no que responder. Acabou balançando a cabeça numa afirmativa.
Eu estava gelado, sentia um misto de desespero e revolta, algo me comprimia o peito. Uma mão. Uma mão invisível. Por estar distraído, não vi quando o segurança do shopping começou a puxar o moleque para fora. Acordado pelo esperneio do menino, intervi:
- Êpa! Pode deixar! Ele tá comigo.

O segurança virou as costas e saiu sem me olhar nos olhos. Muitos se sentiriam poderosos se tivessem feito o que fiz. Eu me senti impotente. Tudo que pude fazer para amenizar a situação foi afagar a cabeça do garoto, que me retribuiu o gesto com um sorriso tímido. Não sei ao certo o que senti, mas posso garantir que não se tratava de piedade.
Paguei o sorvete e o entreguei ao menino, que ainda suplicante me disse:

- Tio, me leva lá fora.
Eu o levei. Antes que ele corresse para se encontrar com seus amigos que o esperavam numa esquina, eu lhe adverti:
- Não tome isso tudo sozinho pra não ficar doente, divida com seus amigos.
- Tá, tio. Tchau!

Fiquei ali parado por uns instantes, não sabia exatamente o que fazer ou sentir. Estava com a cabeça cheia de pensamentos embaralhados, desnorteados, não tinha a exata certeza do que acabara de fazer. Eu deveria me sentir feliz? Deveria me sentir um homem? Um ser humano? Acho que não. Tudo aquilo tinha se mostrado muito pequeno.

As relações sociais capitalistas haviam acabado de pagar R$ 2,00 pelo sorriso momentâneo daquela criança. Comecei a ficar um tanto triste, mas não desiludido.

Em meu peito afloraram todos os tipos de sensações possíveis, menos aquela do dever cumprido. Amanhã aquele garoto amanheceria com fome de novo e a angustiante prisão ainda estaria nos sufocando com sua mão invisível, até o dia em que decidirmos amanhecer definitivamente humanos.

Fonte: As Crônicas de João, clique aqui e faça uma visita (Conselho de amigo)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Números do Blog e mensagem de ano novo

Amigos e amigas,

Escrevo este post para agradece a todos vocês que, enquanto leitores, fazem do Blog Defesa do Trabalhador um importante instrumento de difusão de informações a serviço dos trabalhadores e de um mundo novo, no qual o homem não seja o lobo do próprio homem.

Obrigado, sinceramente, pelo carinho e audiência de todos.

Os números do Defesa em 2012:

Postagens: 153

Acessos: cerca de 33.500

Leitores que se associaram: 101 (chegamos a essa marca nesse ano).

Outra importante característica é que o Blog, mesmo sendo escrito apenas em português, foi acessado de todos os continentes do mundo em 2011, descando-se os acessos dos Estados Unidos, Rússia, Egito e Europa.

O sucesso do Defesa, animou-me a lançar o Fragmentos, um blog de poesias, no qual publico poemas meus e de outros autores (clique aqui para visitar) e, ainda, junto com o PSTU de Uberaba/MG, organização na qual milito e cidade onde moro, a lançar o Blog do PSTU de Uberaba/MG (clique aqui e visite).

Em 2012, além das publicções já usuais do Defesa, pretendo dar ênfase a textos de combate ao machismo, a homofobia e ao racismo, enfim, fazer do nosso blog um espaço engajado no combate a opressão.

Agora vou para um breve recesso com duração até 16.01.2012. Para aqueles que visitarem o blog neste período, fica o convite para visitarem as postagens antigas.

Peço a todos que divulguem o nosso Blog Desefa do Trabalhador em suas redes sociais, fortalecendo-o ainda mais.

Fica aqui o meu agradecimento à compreensão de minha companheira e esposa Rita, de quem o Blog me rouba por alguns momento.

Agradeço também ao cartunista Carlos Lattuf, cujo as charges ilustraram o Blog no decorrer do ano e que aqui continuarão a aparecer.

No atalho abaixo, postei uma msg de fim de ano aos leitores de meus blogs.

Mensagem de fim de ano aos leitores do Blog

Obrigado de coração e feliz 2012.

Adriano Espíndola Cavalheiro, advogado, militante político e blogueiro