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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Greve no Metrô: quem prejudica a população?

Por ALTINO PRAZERES JÚNIOR

Diariamente, milhões de usuários são afetados com a paralisação dos serviços do Metrô. Diante desse cenário dramático, é necessário encontrar uma saída negociada para acabar com o impasse e restabelecer o funcionamento desse serviço essencial à população. Essa é a vontade dos metroviários. Esperamos a mesma postura e responsabilidade do governo do Estado de São Paulo.

Até o momento, porém, ao invés do diálogo e da negociação, o governador age de forma intransigente e autoritária. Após inúmeras rodadas de conversa, a companhia, sob orientação do governo do Estado, se negou a atender as justas demandas dos trabalhadores. O Metrô chegou, inclusive, a negar a sugestão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que propôs 9,5% de reajuste salarial.

Os metroviários, por sua vez, assumiram uma postura de absoluto respeito à população. Propusemos uma saída ao impasse criado: a liberação das catracas aos usuários durante o período de negociação coletiva. Em troca, não haveria greve. Dessa forma, a população não seria prejudicada. Ao contrário, se beneficiaria da gratuidade no serviço.

A opção foi rechaçada pelo governador. Alckmin colocou supostos interesses financeiros acima das necessidades do povo. Os metroviários cederam ainda mais. Se dispuseram a trabalhar de graça enquanto as catracas estivessem liberadas. Contudo, mais uma vez, o governo recusou a proposta.

A preocupação "financeira" do governador nos causa estranheza. Afinal, não há a mesma "preocupação" perante os gritantes escândalos de corrupção que abalam o sistema metroviário de São Paulo. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) estima que pelo menos R$ 425 milhões saíram dos cofres públicos para abastecer o esquema de corrupção. E o Ministério Público (MP) já falou em cerca de R$ 2,5 bilhões. Ainda de acordo com a investigação, o cartel superfaturou obras do Metrô e trens em 30%.

O dinheiro que corre pelos ralos da corrupção falta aos investimentos necessários para ampliação da rede metroviária e para o atendimento das legítimas reivindicações dos trabalhadores da categoria.

O resultado da falta de investimentos é um só: o sufoco diário de milhões de paulistas nos trens superlotados. Na última semana, Geraldo Alckmin acusou os metroviários de causar o "caos" em São Paulo. O governador, que não anda de metrô, mas de helicóptero e carros luxuosos, deveria saber que o caos é diário e que a superlotação e as recorrentes interrupções no serviço expõem a população a riscos constantes. Situação parecida vive a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que, sucateada e semiprivatizada, encontra problemas em levar água para 23% das residências.

Os metroviários não estão em greve somente por um salário digno. Estamos em luta também pelo transporte público de qualidade, que é um direito de todos e dever do Estado. Portanto, não pode ser tratado como uma mercadoria para dar lucro à meia dúzia de executivos. Por isso, como apontou pesquisa realizada pelo portal R7, mais de 80% da população apoia a nossa greve.

Reafirmamos a necessidade de uma saída negociada. Queremos voltar ao trabalho e atender a população com a excelência de sempre. Para tanto, é necessário que o governo Alckmin reveja sua postura intransigente e radical. Não é com balas de borracha e gás de pimenta que se deve tratar o trabalhador. Nesse sentido, solicitamos a presidente Dilma que intervenha junto ao governador para abertura das negociações. Essa é a sincera disposição dos metroviários. Com a palavra, o governador Geraldo Alckmin.

ALTINO DE MELO PRAZERES JÚNIOR, 47, é presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e dirigente da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas)

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